blogo eu?

O lado poético da vida (ou o lado vivo da poesia)

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quarta-feira, fevereiro 04, 2009

D

I

Não há coisa melhor
Que o amor de uma mulher
Ela te mostra que todos os caminhos
Levam onde você quiser.
Mesmo que só queira
Mais uma vez e para a vida inteira
Apenas o amor dessa mulher.
II
Minha linda menina,
Quando a tristeza vier lhe cobrar
Lembre-se dessas palavras
Que digo de tanto te amar:
Chore meu amor.
Sim, pode chorar.
Pois o choro não é só teu.
Toda lágrima que pensas ser tua
Também rola no rosto meu.
III
Havia um rio chamado Eu.
Havia um rio chamado Você.
Suas nascentes eram no tempo.
Seus caminhos eram viver.

Eu vinha do Norte.
Você corria do Sul.
Se encontrarem não foi sorte:
Estava escrito no céu azul.
Eu e Você juntaram ondas.
Juntos foram desaguar.
Mas, a essa altura, eram um só
E de tanto amor formaram um mar.

O Querer

Às vezes
Quero
Querer
O que eu
Queria

Hoje
Queria
Não querer
O que
Eu quero

E o que eu
Queria
Acabei
querendo
Sem querer

segunda-feira, maio 26, 2008

Observações

Promessas
e declarações de amor
São semelhantes em sua dor:
Quanto mais compridas forem,
menos cumpridas serão suas promessas ou declarações de amor.

Faxina

Faxina

Dois ônibus e um metro ela pegou. Ela vem de longe. Só para me ver.

Só nos vemos às terças feiras. Ela chega sempre cedinho, lá pelas nove. Eu passo a semana inteira ansioso como um adolescente inexperiente, esperando-a. Nunca fui adolescente, mas sei como eles são.

Quando ela chega, ele já foi, graças a Deus. Tenho até o meio dia, quando ele volta, para ficar sozinho com ela.

Sinto a maçaneta da porta de entrada girar e meu coração dispara. Fico alerta. Sigo seus passos no taco frio do corredor, trazendo o barulho de seus tamancos até mim. Estou totalmente concentrado quando ela abre minha porta.

Minhas paredes dilatadas pela tensão da espera, se relaxam. Ela olha dentro de mim, não gosta do que vê, mas volta toda semana. Se isso não é amor, eu não sei o que é. Acho que a empregada do Gustavo me ama.

Eu percebo isso em seus movimentos, pegando camisetas abandonadas no chão, tão saudosas de meus cabides. Algumas estavam ali há apenas um dia. Uma camiseta vermelha da Nike é veterana de ficar no chão há mais de uma semana.

Ela pega todas. Dobra-as má e porcamente. Não se dá ao trabalho de coloca-las nas gavetas. Concordo. Ele que bagunça, ele que arrume. Ela está aqui por mim.

E eu sei por quê. Há muita cultura em mim, espalhada em livros esparramados pelo chão, pilhas de cd´s, quase todos guardadas nas caixinhas erradas, amontoadas em estantes. Ele compra muito dessas coisas e deixa aqui comigo, para que eu tome conta. E como ele não tem tempo para ler todos os livros ou ouvir todos os CDs que compra, eu faço isso por ele. Sou muito mais culto que ele.

Meus armários estão abertos. Várias camisas amassadas guardadas nos cabides. Elas não deviam estar ali, e ela as pega. Voltam sempre lisinhas, quentes, ah que inveja.

Enquanto a vejo cuidar de mim, ela canta, tirando o pó debaixo da cama com uma vassoura. Em segundos ela irá embora. Abre minhas janelas, para que eu respire melhor e...

Pronto. Foi-se embora.

Quando ele chega, estou novinho em folha. Em 5 minutos ele já me faz sentir saudades dela. Ah, Gustavo, tenha dó do seu pobre quarto.

terça-feira, maio 13, 2008

Minha arte é amar

O artista e sua arte

Travam uma constante luta,

Uma inesgotável busca

de um pelo outro.


O artista descobre sua arte como quem aprende a amar aos poucos.



(Num palco escuro,

limitado por cortinas vermelhas

um velho palhaço há muito esquecido.

Cantando sua coleção de saudades

E seus passados vividos.

-Mas artistas são todos os que vivem

o amor

ao menos uma tarde.

Amar, a nossa arte.

Sejamos mais artistas

meu amor!




Artistas da vida

lapidando sua rotina

Autores da vida

Ensaiando em cada esquina


- Que nossa arte, amor, seja amar.

Sem escolher por quais caminhos

Vivendo grandes amores pequenos

Amando juntos, amando sozinhos.




quinta-feira, março 27, 2008

Eu não sou eu
Habíto-me

Tiro-me tudo
Sou epítome

Não conheço-me
As vezes
Apresento-me

Não procuro-me
Em mim
Cruzo-me

Sou um mapa
Que leva a
um mapa
Que leva a
um mapa...

... onde sou o x
onde escondo-me

Levo-me
a me levar

Sou universal
Com infinitos fins

Sou tudo
(que sobra
Do nada)
Que sou

Sou um abismo
A correr para si
Um eco eterno
Do meu silêncio
O grito ao avesso
Que nunca soltarei

Clamo-me dentro de mim
Chamo-me dentro de mim
Não respondo-me

Não estou lá
Lá sou aqui
Aqui sou lá

Somo divisões
múltiplas em mim
(Sub)traio-me.

Sou
o que sei
que sei
O que sei
que não sei
O que não sei
que não sei

Não procuro-me
Não mais
Não estou lá
Não estou em lugares

Sou um
Habito-me
Mas não me encontroem mim

Big Bang

O silêncio
não é
silêncioso
O silêncio
é o eco
de um grito
pelo avesso

terça-feira, março 25, 2008

Gritos de Guerra & Canções de Amor

Nunca tentei ser nada por completo

Até hoje, sou cheio de lacunas.

Como espaços entre as colunas

Esse vazio que se acumula

É que me enche até a medula.

Se isso tudo for um filme

Eu saio antes do final.

Tento sem fazer força

E me esforço pra não tentar

O medo reflete em mim

A luz fria de um espelho rachado

Enquanto um violão toca lá fora:

Gritos de guerra e canções de amor

Não são assim, tão diferentes.

terça-feira, março 18, 2008

# 63

Nuvens de algodão

Folha de sulfite infinita.

No jardim de infância

Desenhava o céu

Com as cores da inocência.


Mas essa noite


Estrelas de neon

Pedem chuvas de suor.

Ela deita seu perfume em meu peito.

Ela tem o cheiro dos anjos.


Fosse um quadro

Seria o desenho da paz.


Mas é de carne

E não sabe o que faz.

sábado, março 08, 2008

É errando que se faz muita merda

Desesperado um dia
sussurrei declarações

No ouvido de um furacão.


Disse-lhe tudo que queria dizer-te.
Expliquei-lhe o que não pude explicar-te.
Confessei-lhe coisas que nem imaginas.
Dei-lhe uma missão e em seguida seu endereço.
Encarreguei justamente o vento destruidor
Para ser o mensageiro do meu apreço.


Pela cegueira que acomete os desesperados
Pus a natureza em um inútil impasse:
Nela, que só caminha para frente,
Depositei o meu desejo de que o passado regressasse.


Palavras ditas em turbulências parecem ter menos valor,
E não é preciso previsão meteorológica para saber
O que sobrou das palavras que falei no ouvido do furacão.


Maldita tempestade enganadora.


Como um carteiro levou minhas palavras.
Como uma oração levou minha fé.
Como um traidor levou-me às lagrimas.


Só me traíste por que deixei que me traísse.
Manter o orgulho pode ser um mergulho irracional.


Traído por mim.
Subtraído de ti.
Na subtração de si

por si mesmo

não existem resultados positivos.


Maldita natureza inescapável.



Onipotente e onisciente furacão.
Ouviste tudo que lhe disse.
Fizeste com minhas palavras um jogo
Cujas sujas regras fazem guerras.



Desmontastes os sentidos com seus ventos.
Quando do “Me perdoe" e do "Não me esqueça"
Invertestes tanto forma como os sentimentos
Declarando que“A culpa é sua não se esqueça”.


E do meu “eu te amo”,


Meu sincero e desesperado
Arrependido e apressado
tantas vezes represado “eu te amo”


Soprastes fora o amor.


E como o que sobra
não faz sombra
Mas nela mora,
Sobra “eu”solitário na escuridão.
.