blogo eu?

O lado poético da vida (ou o lado vivo da poesia)

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sábado, novembro 18, 2006

Íu

criança

bixinho da raça

da tribo

dos Falafácil

criança

não acha que foi

criança

só acha que íu


Ecos de conselhos

um bom conselho
(um bom conselho)
é irmão adotivo
(é um espelho)
de uma solução

um bom conselho
{um bom conselho}
é um espelho
{é irmão adotivo}
da situação
(de uma solução)

{da situação)

segunda-feira, novembro 06, 2006

Crônico, eu?

Cansei dessa de poesia.
Brincadeira, meus fãs. Podem ficar tranquilos que seu poeta manco das idéias não pretende se aposentar tão cedo (pelo menos não antes dos meus 25; depois disso tudo bem).
Foi numa bela tarde paulistana típica, na qual o sol, Deus-tupiniquim, quase não era percebido no firmamento da capital, pois vossa divindade usava uma toalha de monóxido de carbono na atmosfera, que deixa o céu, os cabelos, e os corações de São Paulo com aquela cor cinza-cimento (ou amarelo- malária ou branco-escritório ou etc) que eu resolvi levar meus tropeços de gramática a caminhar pela estrada de tijolos amarelos das crônicas.
Comprei um livro do Jabor e outro do Mário Prata, ambos cronistas de estilos totalmente diferentes. Ambos excelentes.
E aconteceu algo interessante comigo, por ler estes dois livros.
A crônica é, para mim, um raio x do cotidiano ("morro mas não reconheço a tomografia", Vovô Simpson). Mas um raio x colorido, quase uma pintura; não aquelas coisas preto e branco, sem graça.
O papel do cronista, voltando ao assunto, é perceber o cotidiano que ninguém vê. Ou melhor, capturar os pequenos aromas, temperos, movimentos, que identificam um dia com o outro e com o seguinte. Afinal, não pode se dizer cotidiano se um dia não tiver semelhanças com o outro.
Com a crônica, o fulano que escreve tem o poder de fazer o leitor perceber algo que ocorre rotineiramente e ele nem se dava conta. Ou, se dava, não se importava.
Acho que o cronista tem um importante papel, talvez não reconhecido em sua totalidade.
Toda vez que um leitor, ao sacar uma observação numa crônica, disser "putz, é verdade, acontece mesmo", ocorre um momento mágico entre este mesmo leitor e o autor.
É nessa hora que aquele copo de cerveja tomado em casa a noite, enquato o autor ficava olhando pra tv,mas estava longe,tentando agarrar um pensamento interessante pelo rabo, atingiu o ápice de sua utilidade.
Leitor e cronista são conectados no "putz, é verdade"minute. Um sacou exatamente oque o outro pensou. E um copo de cerveja foi o laço de união, o perispírito a ligar o corpo etéreo do pensamento do autor e a carne cotidiana do leitor.
E ainda tem gente que fala que beber faz mal.
A crônica ensina a engenharia dos relacionamentos. A mecânica das pequenas coisas. A crônica tem, para quem lê, o mesmo efeito da física quântica para um físico. É a descoberta os pequenos detalhes. que têm de ser vistos de perto.
Escrever uma crônica é um ato de Sociologia Quântica ( tenho certeza que logo vão inventar esse curso em alguam particular da vida).
Li Jabor. Li Mário Prata. Aprendi bastante com esses dois livros.
Sim aprendi. Porque ? Não posso aprender lendo sobre o cotidiano? Quer coisa mais útil que conhecimento banal? Cultura inútil é a maior menospresada do mundo.
Nossa. Parece que viajei. Numa aula de redação levaria uma observação do professor: "atenção para não fugir do tema". Mas tudo bem.
Tenho muita coisa pra falar.
Espero que tenha também muita gente para ouvir.
Limpem os ouvidos que agora, este que vos fala quer virar cronista.
E se me dão licença, agora tenho que ir tirar um raio-x.
Até mais.