blogo eu?

O lado poético da vida (ou o lado vivo da poesia)

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quinta-feira, março 27, 2008

Eu não sou eu
Habíto-me

Tiro-me tudo
Sou epítome

Não conheço-me
As vezes
Apresento-me

Não procuro-me
Em mim
Cruzo-me

Sou um mapa
Que leva a
um mapa
Que leva a
um mapa...

... onde sou o x
onde escondo-me

Levo-me
a me levar

Sou universal
Com infinitos fins

Sou tudo
(que sobra
Do nada)
Que sou

Sou um abismo
A correr para si
Um eco eterno
Do meu silêncio
O grito ao avesso
Que nunca soltarei

Clamo-me dentro de mim
Chamo-me dentro de mim
Não respondo-me

Não estou lá
Lá sou aqui
Aqui sou lá

Somo divisões
múltiplas em mim
(Sub)traio-me.

Sou
o que sei
que sei
O que sei
que não sei
O que não sei
que não sei

Não procuro-me
Não mais
Não estou lá
Não estou em lugares

Sou um
Habito-me
Mas não me encontroem mim

Big Bang

O silêncio
não é
silêncioso
O silêncio
é o eco
de um grito
pelo avesso

terça-feira, março 25, 2008

Gritos de Guerra & Canções de Amor

Nunca tentei ser nada por completo

Até hoje, sou cheio de lacunas.

Como espaços entre as colunas

Esse vazio que se acumula

É que me enche até a medula.

Se isso tudo for um filme

Eu saio antes do final.

Tento sem fazer força

E me esforço pra não tentar

O medo reflete em mim

A luz fria de um espelho rachado

Enquanto um violão toca lá fora:

Gritos de guerra e canções de amor

Não são assim, tão diferentes.

terça-feira, março 18, 2008

# 63

Nuvens de algodão

Folha de sulfite infinita.

No jardim de infância

Desenhava o céu

Com as cores da inocência.


Mas essa noite


Estrelas de neon

Pedem chuvas de suor.

Ela deita seu perfume em meu peito.

Ela tem o cheiro dos anjos.


Fosse um quadro

Seria o desenho da paz.


Mas é de carne

E não sabe o que faz.

sábado, março 08, 2008

É errando que se faz muita merda

Desesperado um dia
sussurrei declarações

No ouvido de um furacão.


Disse-lhe tudo que queria dizer-te.
Expliquei-lhe o que não pude explicar-te.
Confessei-lhe coisas que nem imaginas.
Dei-lhe uma missão e em seguida seu endereço.
Encarreguei justamente o vento destruidor
Para ser o mensageiro do meu apreço.


Pela cegueira que acomete os desesperados
Pus a natureza em um inútil impasse:
Nela, que só caminha para frente,
Depositei o meu desejo de que o passado regressasse.


Palavras ditas em turbulências parecem ter menos valor,
E não é preciso previsão meteorológica para saber
O que sobrou das palavras que falei no ouvido do furacão.


Maldita tempestade enganadora.


Como um carteiro levou minhas palavras.
Como uma oração levou minha fé.
Como um traidor levou-me às lagrimas.


Só me traíste por que deixei que me traísse.
Manter o orgulho pode ser um mergulho irracional.


Traído por mim.
Subtraído de ti.
Na subtração de si

por si mesmo

não existem resultados positivos.


Maldita natureza inescapável.



Onipotente e onisciente furacão.
Ouviste tudo que lhe disse.
Fizeste com minhas palavras um jogo
Cujas sujas regras fazem guerras.



Desmontastes os sentidos com seus ventos.
Quando do “Me perdoe" e do "Não me esqueça"
Invertestes tanto forma como os sentimentos
Declarando que“A culpa é sua não se esqueça”.


E do meu “eu te amo”,


Meu sincero e desesperado
Arrependido e apressado
tantas vezes represado “eu te amo”


Soprastes fora o amor.


E como o que sobra
não faz sombra
Mas nela mora,
Sobra “eu”solitário na escuridão.
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