Testamento
Então que morra de preguiça
Pra me pagar o cansaço
Que eu dei nessa vida.
O lado poético da vida (ou o lado vivo da poesia)
Ela é a dona de toda a minha exclamação
Dona em si de minha mesma expiação
Cataliza em cinza de sombra coisas que são
Tão primárias em tê-las
Tão prezadas inteiras
Tão feitas de vinho e de pão
Ela é daquilo que cospe a minha interrogação
E a saliva surda que entope meus ouvidos
Pelos poros
Pelos pêlos
Pelos poros e pêlos e pus e cabelos
Minha morte será o dia
Em que eu
Ser tão universal
Virar feridas em poros
Em pares no chão