blogo eu?

O lado poético da vida (ou o lado vivo da poesia)

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quinta-feira, março 29, 2007

Testamento

Se um dia tiver que morrer

Então que morra de preguiça

Pra me pagar o cansaço

Que eu dei nessa vida.

Último vôo de um Colibrí

A última hora do colibrí
Foi bem de colorida, meu sinhô.
Teve festa cheia de azul
Bolo de amarelo com laranja
Brincadeira de roda, ciranda,
ciranda e mais ciranda,
Do jeito que hoje em dia
a meninada já não ciranda mais.
Não sinhô, não teve saudade.
Só teve coisa boa de festa de criança.
Agora o céu tá colorido todo de arco íris
Da cor das penas do pequeno colibrí.
Na última hora então
o colibri voou para a última vez.
Voou para além da eternidade

terça-feira, março 27, 2007

A tarde

oque estamos fazendo
de nossas vidas?
que diferença enorme
Isso faria
se o soubessemos
pelo menos por um dia

hush

Olá

Voce não me ligou neste seu número

Eu não me encontro nestes momentos

Mas se quiser posso lhe deixar um recado

após o seu sinal

IS THERE ANYBODY OUT OF HERE ?

Ela é a dona de toda a minha exclamação

Dona em si de minha mesma expiação

Cataliza em cinza de sombra coisas que são

Tão primárias em tê-las

Tão prezadas inteiras

Tão feitas de vinho e de pão

Ela é daquilo que cospe a minha interrogação

E a saliva surda que entope meus ouvidos

Pelos poros

Pelos pêlos

Pelos poros e pêlos e pus e cabelos

Minha morte será o dia

Em que eu

Ser tão universal

Virar feridas em poros

Em pares no chão

sexta-feira, março 23, 2007

18:44

Ele viu tudo, sim senhor.
Com esses olhos que a terra há de esquecer.
Não ofenda a inocência, meu bom pastor,
Teu plano não sabe o mal que te faz.
E o recado que o vento vem vendendo
É resquício do mercado de almas roubadas toda noite.
Não te esqueças da tua criação, Bruxo Velho,
Que ela vem e te arranca a coroa e monta em você.
Tuas almas são camisas vazias
Saudosas dos corpos que as vestiram.
Não te queixes, não te incomodes , Velho Erro.
Lembra por hoje ou para sempre
Aquela oração escrita em sangue
Na janela do seu divino quarto.
Declarava exatamente
Que oque o olho vê
a alma sente,
e sempre chora
a alma ausente

Poemodestia

Quis fazer um belo dia
E guardá-lo só para mim
Um poema bem fraquinho,
Que também fosse ruim.

Terminando sempre em rimas,
todas fáceis e banais.
Talvez até falar de amor;
- oque qualquer fulano faz!

Escrevi bem rapidinho
Sem fazer nenhum ruído
Deixei a inspiração
bem quietinha, lá, dormindo.

No final ficou uma merda
e achei isso um bom sinal
"Sou tão bom que escrevo bem
Até quando escrevo mal."

Um belo dia
quis nascer
um belo dia

Que um belo dia
acabe enfim
Num belo dia

Um belo dia
vi nascer
um belo dia

Um belo dia
a vida perde
a melodia.

Um belo dia é pouco...

Aviso

Tu que vais partir
Leva contigo essa tal dor que lateja
Em nossas mãos.

Leva e esconde
No bolso de um casaco velho
Ou numa lembrança desbotada.

( que os pés pesam
e amanhã pode ser tarde demais )

Tu que estás por vir
Terá o peito rasgado na carne
Se não for aberto à confusão.

Aqui nesta terra crismada
Quando não cantam a santa cruzada
Celebra-se uma democrática solidão.

( que os olhos pesam
e acordar pode ficar pra mais tarde )

Tu que estás tão seguro de ficar
Precaução é ter certeza
Que seu lugar neste pesadelo vivo
Já não esteja ocupado.

Que as palavras se vão falando
Até não terem mais que se falar

quinta-feira, março 08, 2007

Dia da Bandeira

A
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Paradoxo do querer


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que
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Confissões Gramaticais

Parte 1 - Triângulo Amoroso Ortográfico

um objeto direto
apaixonado
por uma preposição
apaixonada
por um objeto indireto
rival e irmão
quem ficar com ela
vai ter sempre razão


Parte 2 - Biortografia ( a caligrafia de todos nós)

como qualquer
bebê
fraca e
até mesmo
um pouco feia
ela nasceu

depois cresceu
aprendeu
esqueceu
que se escreveu

foi sempre
a mesma
e morreu fraca
como nasceu

foi assim
para ela e sua letra
sua letra e ela
soletram "eu"

Parte 3 - Mestre e aprendiz de escritor

a jovem mão é firme
mas oque escreve não

a jovem mão grita no papel

a velha mão é fraca mas
sussura mais sabedoria

que a tonelada de grafite
no grito escrito

pela jovem mão