blogo eu?

O lado poético da vida (ou o lado vivo da poesia)

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segunda-feira, maio 26, 2008

Observações

Promessas
e declarações de amor
São semelhantes em sua dor:
Quanto mais compridas forem,
menos cumpridas serão suas promessas ou declarações de amor.

Faxina

Faxina

Dois ônibus e um metro ela pegou. Ela vem de longe. Só para me ver.

Só nos vemos às terças feiras. Ela chega sempre cedinho, lá pelas nove. Eu passo a semana inteira ansioso como um adolescente inexperiente, esperando-a. Nunca fui adolescente, mas sei como eles são.

Quando ela chega, ele já foi, graças a Deus. Tenho até o meio dia, quando ele volta, para ficar sozinho com ela.

Sinto a maçaneta da porta de entrada girar e meu coração dispara. Fico alerta. Sigo seus passos no taco frio do corredor, trazendo o barulho de seus tamancos até mim. Estou totalmente concentrado quando ela abre minha porta.

Minhas paredes dilatadas pela tensão da espera, se relaxam. Ela olha dentro de mim, não gosta do que vê, mas volta toda semana. Se isso não é amor, eu não sei o que é. Acho que a empregada do Gustavo me ama.

Eu percebo isso em seus movimentos, pegando camisetas abandonadas no chão, tão saudosas de meus cabides. Algumas estavam ali há apenas um dia. Uma camiseta vermelha da Nike é veterana de ficar no chão há mais de uma semana.

Ela pega todas. Dobra-as má e porcamente. Não se dá ao trabalho de coloca-las nas gavetas. Concordo. Ele que bagunça, ele que arrume. Ela está aqui por mim.

E eu sei por quê. Há muita cultura em mim, espalhada em livros esparramados pelo chão, pilhas de cd´s, quase todos guardadas nas caixinhas erradas, amontoadas em estantes. Ele compra muito dessas coisas e deixa aqui comigo, para que eu tome conta. E como ele não tem tempo para ler todos os livros ou ouvir todos os CDs que compra, eu faço isso por ele. Sou muito mais culto que ele.

Meus armários estão abertos. Várias camisas amassadas guardadas nos cabides. Elas não deviam estar ali, e ela as pega. Voltam sempre lisinhas, quentes, ah que inveja.

Enquanto a vejo cuidar de mim, ela canta, tirando o pó debaixo da cama com uma vassoura. Em segundos ela irá embora. Abre minhas janelas, para que eu respire melhor e...

Pronto. Foi-se embora.

Quando ele chega, estou novinho em folha. Em 5 minutos ele já me faz sentir saudades dela. Ah, Gustavo, tenha dó do seu pobre quarto.

terça-feira, maio 13, 2008

Minha arte é amar

O artista e sua arte

Travam uma constante luta,

Uma inesgotável busca

de um pelo outro.


O artista descobre sua arte como quem aprende a amar aos poucos.



(Num palco escuro,

limitado por cortinas vermelhas

um velho palhaço há muito esquecido.

Cantando sua coleção de saudades

E seus passados vividos.

-Mas artistas são todos os que vivem

o amor

ao menos uma tarde.

Amar, a nossa arte.

Sejamos mais artistas

meu amor!




Artistas da vida

lapidando sua rotina

Autores da vida

Ensaiando em cada esquina


- Que nossa arte, amor, seja amar.

Sem escolher por quais caminhos

Vivendo grandes amores pequenos

Amando juntos, amando sozinhos.