blogo eu?

O lado poético da vida (ou o lado vivo da poesia)

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sábado, setembro 30, 2006

SAC - Serviço de Atendimento ao Consumidor

Problema sem solução.
Vida sem solução.
"ai, ai, ai"' s pipocam
De todos os lados.
- Desculpe - me...
Por ser parte do problema,
E não da solução.
Eu não sou nada.
Esse é o começo do problema,
Encrustado entre meus rins.
O começo do nada,
E que só começa em mim.

Do meu sangue

Ainda te vejo
Pequenininha,
Caladinha,
Dependente.
Quando, na verdade,
O meu olhar continuou
Pequenininho,
Caladinho,
dependente de ti,
meu anjinho.


(para Letícia Paula Cornaccioni, 9 anos, que me conhece há 300)

sexta-feira, setembro 29, 2006

Raridade

Tudo que é raro é só.
Mas será que um dia foi comum?
E oque é comum hoje
Vai ser raro amanhã?
O raro lá, as vezes,
É comum aqui.
Vai saber.
O comum para você
pode ser raro a mim.
Vai saber.
Esse mundo é tão grande.
Ser raro não dever ser coisa rara
Num mundo tão grande.
Será que eu sou raro?
Nossa!
Nossa!!
Nossa, eu sou raro!
Nossa, eu sou ra
Nossa, eu s
Nossa, e
Nos
Droga.
Quando se sabe raro
É que o raro vira comum.
O raro é difícil
Porque não é raro ser comum.

PS: como eu sei que eu sou raro?
só sendo raro pra saber.
mas não é difícil descobrir.
A resposta, aliás,
é algo bem comum.

Quadro de avisos

Não te amo mais.
Te amo menos.
Mas te amo.
Isso é um alívio.

Não te amo como devo.
Te amo como posso.
Mas te amo.
Isso é um peso.

Não te amo só.
Pois amo sempre.
Mas te amo.
Isso é um erro.

Não te amo muito.
Te amo pouco.
Mas te amo.
Isso é algo.

Não te amo mais do que ninguém.
Te amo em meu limite.
Mas te amo.
Isso é confesso.

Não te amo porque quero.
Te amo sem querer.
Mas te amo.
Isso é um mistério.

Não te amo como nunca.
Te amo diferente.
Mas te amo.
Isso é um começo.

Não te amo por completo.
Por completo nem te gosto.
Mas te amo.
Isso é um aviso.

Não te amo nunca mais.
Te amo até o fim.
Mas te amo.
E isso é tudo.

Jardim de infância

Um priminho queria ser médico,
A priminha veterinária.
O vizinho, piloto.
Namoradinha, professora.
Ele nunca quis ser nada.
Nunca terminou nada.
Acabou sendo tudo.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Poema unidirecional

Para aqueles que reclamam
Dos dias tristes serem tantos
E as alegrias
Curtas,
Como semifusas
Num compasso binário da estação,
Fica um alento,
Desse amigo devoto,
Da vida o devido desassossego.
"Tristes são os felizes, coitados.
Não percebem a verdade que não cai:
Que só existe um sentido nessa vida:
...e nada vem e tudo vai..."

Condomínio

O síndico do meu prédio
Tem cara de síndico,
Jeito de síndico,
Fala de síndico,
Risada, carro, defeito,
tosse, cabelo, mulher
de síndico
E não é o síndico do meu prédio.
Pensei: ah, então quem parece triste...
Poxa.
Quem chegou primeiro podia ter avisado!

Poema antes do tempo

Mas eu te amo tanto...
Te amei tanto...
mas tanto...
mas tanto...
Que o amor acabou.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Sabotagem

Sei que há em algum lugar isso que não tem nome,
Mas sei que está lá.
Que não preciso ver pra sabe que está lá.
Que é contra a natureza tentar censurar
Se sente no direito de me condenar
E marca os meus passos ao me afastar.
Faz-me mentir a quem nunca quis enganar.
Que treme as minhas pernas ao me aproximar.
E quando me encoraja é pra ver gaguejar.
Algo que não tem nome, mas sei que está lá.
Que é só uma idéia quieta, tão que ela está
Que não me deixa.

Sei que ainda está lá um pensamento manco
a me entreter.
Suborna minha razão e me faz prometer
Coisas a um coração, que nunca vou querer.
Enxuga-me a vergonha ao fazer esquecer
Uma vida bisonha que nem tem por que.
É mais que vão instinto a satisfazer.
Que logo já extinto não dá pra entender
E que não adianta tentar esconder.
Que não sei de onde vem, que é mais forte que eu.
O vilão derrotado que não se rendeu
E que não desiste.